domingo, 22 de abril de 2012

O documento imagético no contexto da Ciência da Informação: tratamento e reflexões


O tratamento de fotografias e imagens no âmbito da Ciência da Informação ainda possui bagagem escassa, dificultando, então, a gestão desses tipos de documentos nas organizações. De acordo com a apresentação dos palestrantes na aula de Diplomática e Tipologia Documental do dia 13/04/2012, é fácil perceber que as organizações (e pessoas) possuem pouca noção de como tratar os documentos com esse tipo de suporte. Aliás, o suporte é um dos maiores problemas. Para aqueles que não possuem conhecimento arquivístico, mas precisam acondicionar e preservar documentos dessa espécie, identificar qual o tipo de suporte de documentos fotográficos e imagéticos  torna-se uma situação desafiadora. A questão desses documentos trabalha com problemas diversos e distintos. A procedência e o respeito à ordem original também podem se encaixar nesta situação.
Segundo  Laila Di Pietro, através de seu trabalho na monografia, pode-se notar que a TV Globo Brasília criou uma classe em seu código de classificação para abrigar esses documentos, já na segunda organização pesquisada não foi possível encontrar nenhuma classe. Isso acaba por apresentar a situação em que esses documentos são tratados nas organizações, fazendo-se refletir sobre os diversos problemas que podem causar ao continuarem com essa falta de conhecimento e ausência de instrumentos arquivísticos apropriados. Diversas pessoas e organizações produzem milhares de documentos fotográficos (e imagéticos) ao longo do desempenho de suas atividades, pergunta-se então:  como será que toda essa documentação será conservada ao decorrer dos anos? Quais as condições de acondicionamento? Esse acervo está adequadamente conservado? Há normatização na descrição do acervo? Como recuperar as informações em tempo hábil para suprir demandas cotidianas e pesquisas?
A partir das apresentações de trabalhos dos  palestrantes, consegue-se entender a necessidade que as organizações tem do  arquivista para, entre outras atividades,  tratar adequadamente os documentos fotográficos e imagéticos. Fica a seu encargo   orientar os demais profissionais oriundos de outras áreas para que eles possam ter capacidade para lidar com todas as novas informações e suportes. Ainda mais porque poder-se-á necessitar da ajuda desses profissionais para pesquisas futuras (da mesma forma como os palestrantes precisaram).
Tornou-se comum na maioria dos acervos as fotografias serem separadas por causa do seu suporte, isso pode até acontecer, mas sua contextualização deve ser mantida. Além de bem conservadas, deve ser possível a recuperação desses documentos. Segundo Manini (2002)
“A fotografia é uma manifestação visual. Nela sempre há um foco central, uma razão de ser que motivou aquela tomada fotográfica. Há que se considerar, contudo, que este motivo central está cercado de informações que a ele se entrelaçam de diversas maneiras. Pode ser importante saber, por exemplo, que prédio é aquele ao fundo de uma fotografia de corpo inteiro de determinada personalidade. E algumas vezes é também importante considerar o extracampo:o que girava em torno deste recorte espaço-temporal que se transformou em fotografia?
A tradução é a própria escolha do termo de indexação, a definição da marca de transposição do visual para o verbal. A importância do profissional da informação está em que ele deve ter um conhecimento mínimo sobre o conteúdo do documento que está analisando, bem como conhecer os interesses dos usuários e a política do acervo e ter acesso aos mecanismos de controle de vocabulário.”
Essa importância de analisar as informações presentes na fotografia, foi mostrada pela palestrante ao apresentar à turma uma fotografia com jogadores de futebol, sem nenhuma descrição. Aos poucos  os alunos foram analisando o que constava na foto, para contextualiza-la. Essa prática é essencial para a elaboração do resumo e levantamento dos termos para indexação, porém essa análise não retoma exatamente ao contexto na qual a foto foi produzida.  Manter o contexto não significa manter no mesmo espaço físico, mas inter-relacionar a fotografia com os outros documentos através de instrumentos que direcionem a posição e a relação dela no conjunto documental, tornando a análise mais ampla, facilitando o trabalho do arquivista para orientar o pesquisador.

              A respeito da questão dos documentos arquivísticos, há uma diferença crucial quando se faz a descrição. Pode-se descrever os documentos á luz de seus conteúdos, porém, para documentos arquivísticos, dados como a organicidade e o propósito administrativo para o qual o documento foi criado  são inerentes ao processo. A importância de incorporar os dados arquivísticos básicos nos documentos está ligado, essencialmente, a classificação documental. Essa atividade pode ser incorporada antes ou posteriormente a descrição. Se classificada depois de descritos, os dados poderão ficar incompletos podendo não representar informações importantes do documento,  porém, se classificados previamente são instrumentos que disponibilizam uma visualização ampla da série documental e servem de base para a descrição.
               Ademais, vale lembrar sempre alguns pontos importantes: 1)  documentos imagéticos são todos aqueles que possuem imagens, sejam fotografias, ícones ou outros; 2) em seu tratamento arquivísico deve-se analisar questões gerais, as finalidades da gênese documental e suas proposições; 3)  identificar o conteúdo e saber o que representa no contexto de sua produção; 4) saber quem mandou tirar a foto e o porquê, quem é o titular e qual função do documento.  Por fim, ressalte-se que a informação não está no documento isolado, está fora, dele deve-se extrair as questões mais importantes que permitam sua recuperação e acesso. Imagem é informação.



Referência:
MANINI, M. P. Análise documentária de fotografias: um referencial de leitura de imagens fotográficas para fins documentários. 2002.Tese (Doutorado em Ciências e Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2002.

Um comentário:

  1. Gatíssim@s, o post de vocês ficou ótimo, a coerência, coesão, gramática e concordância estão impecáveis, assim como as citações!
    Mandaram bem!
    Vou só dar uma sugestão para que vocês coloquem alguma imagem a respeito do que foi dito no texto, até mesmo para ilustrar a opinião de vocês.
    Beleza?

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